Debaixo do meu cadáver de
carvão
anoitecem horários
proibidos como sonâmbulos esqueletos de desejo
não propriamente
desejando o que quer que seja... imaginando imagens supérfluas
e desconhecidas nas
paragens do autocarro da carreira
não percebem eles que o
vento quando regressa
é porque se desencontrou
com as árvores e nuvens e noites inculcadas
como pernas e braços
sobre a cama camuflada do silêncio pergaminho
que as gaivotas
transportam para as cidades de vidro,
Debaixo de mim... a
viagem até te encontrar de cócoras procurando o mar
e as rochas de murmúrios
que a areia sabe esconder
desenho no teu corpo de
silício as marés de Agosto
embrulhadas nas poucas
lágrimas que as aranhas fazem disparar contra o muro da tristeza
porque sim digo-o sem
perceber sabendo que lá fora existem mãos de cordas ao nylon
depois da tempestade
aportar sobre o cais do desassossego
e um pequeno barco
lança-se dos teus lábios
em pequenos suicídios
adormecidos...
Ele morre
e tu desejas-me quando
cai a noite sobre os tentáculos da dor
cresce em nós mais um dia
em desespero
um dia pequeno que depois
se alonga noite fora
eles
eles esquecem-se de
apagar as luzes da melancolia
e enquanto haver sol e
estrelas e lua
é impossível amar-te como
os socalcos do Douro amam as sombras de seios em delírio,
Sentindo-se as poucas
cinzentas árvores
debaixo do meu cadáver de
carvão que o oceano vai consumindo
como um toxicodependente
absorve as veias infelizes dos lírios
e dos cravos
e das grandes pérolas com
sabor a morfina
que alimentam sonhos e
ressacas das belas palavras
mergulhadas na poesia
sempre sem o saberes dos
jardins insignificantes com bancos em madeira apodrecida...
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