imagino o amor
envergonhado
aquele que procura nas
palavras os abraços prometidos
o amor às vezes não
desejado
que acontece como o
granizo em plena tarde de Primavera
imagino e percebo
o desassossego dos olhos
envenenados pela íris das sebentas
aos gemidos frios sonhos
que inventavas
o amor
o raio do amor travestido
e cansado
embrulhado num velho
cobertor
entre palhas e silêncios
das janelas do abismo
os beijos
sem sentido
quando uma mão poisa
sobre mim
sinto-a a argamassar-me
como dentaduras em marfim
no meu pobre esqueleto de
vidro
comendo-me ossos e
sentimentos
e o amor zangado e
perdido
o verdadeiro amor
de joelhos
junto ao mar
percebo das imagens
reflectidas pelos espelhos do prazer
que zarpaste em direcção
a uma ilha sem nome
idade
coração nem falar...
o amor
em ti
de ti
eu desejar
sonhar
o amor
fictício como lâminas de
barbear
o amor sofrido sobre as
árvores em flor
o amor...
aquele eterno amor
perdido numa calçada da
Ajuda.
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