não sei se me ouves
nas cinzas clandestinas
das tuas mãos
não sei se recordas os
momentos que passamos
e as conversas que
desperdiçamos à volta de um copo de qualquer coisa
fumamos muita merda
dormimos noites
invisíveis sem percebermos que a noite era a noite
sem percebermos que o dia
que o dia era uma gaja
cheira de manias
travestida...
uma gaja mendiga
porra... porque partes
sem nada dizer
sem deixares sobre as
planícies graníticas
as palavras
coisas
desenhos
abraços
nada
nada
partes...
partes como se esta merda
de vida fosse uma viagem
um panfleto de heroína
voando em direcção ao Sol
debaixo do mar
a tua dor
as tuas paixões
confessadas em noites de embriaguez
flutuam
e vivem
e amam como amaram as
primeiras letras da tua boca
não sei se me ouves
não sei se algum dia
conseguirei olhar-te
não sabendo que a viagem
que agora preparas
termina
não termina
não sei se me ouves
mas se me ouves...
que descanses em paz...
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