Voávamos entre as
gaivotas assassinas
que todos os finais de
tarde
acordavam
voávamos como livres-pensadores
sentados debaixo de um
qualquer plátano que o tempo esqueceu em nós,
Havia um mar desenhado
nas rochas que brincavam no teu peito cerâmico
e os barcos nossos que
laçamos em viagens circulares
ouvíamo-los pacientemente
chegando ao pôr-do-sol
que do teu corpo
aconchegava a maré dos
vértices de luz,
Voávamos entre...
assassinas
que das tuas mãos se
erguiam quando encerravam o sol numa caixa de vidro
e os lábios oiro que
construíam sorrisos nas margens do rio
voavam como nós
voávamos sobre as lápides
como crânios selvagens vivendo na montanha dos lápis de cor,
Sem percebermos que
éramos sibilantes palhaços de pedra
procurando as nuvens
inventadas pelas loucas tardes tuas
que o prazer acorrentava
nos teus finos braços de crisântemo envelhecido
voávamos
voávamos às viagens de
cartão em redor de um pilar de areia,
Voávamos de mão dada
entre gaivotas assassinas
e noites de literatura
esquecíamos as tardes de
poesia e subíamos as escadas em caracol
que nos levavam até ao
telhado silêncio da cidade das algas tuas coxas
e ficávamos... assim.…
como hoje... à espera que terminasse o dia.
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