Cortas em fatias douradas
a triste madrugada
corre em ti sonâmbula um
rio nas linhas de aço do amanhecer
cortas as nuvens
silvestres percebendo-se nelas as cansadas manhãs de solidão...
carnívoras palavras
alimentam-se de ti
e em ti
comestíveis poemas sobre
as velhas searas adormecidas,
Entranhas-te no meu peito
fumegante em cinzas invisíveis dos cigarros vegetais
amar-te-ei como o mar que
engole silêncios de velhos barcos enferrujados
inscritos em ti os
últimos desejos da noite com sabor a ébano das montanhas de espuma
entranhas-te como a água
salgada nas rochas da solidão...
e em ti
de ti... o sabor da tua
língua procurando os milímetros quadrados dos meus braços,
Saborear-te ensanguentada
de gemidos uivos e pequenas gotículas de suor
o odor embriagado dos
teus seios que sobejaram das tempestades de areia
os vómitos das pequenas
árvores abandonadas
sobre o oceano desencanto
navegável...
não esqueço os desenhos
em prata
que dos teus mamilos voam
sobre a cidade do amor...
Desenhar-te como um rio
vagabundo
indomável como eu
correndo sobre as calçadas de granito sapateado...
sou como tu eu nu
invisível saborear-te em
pedaços papel amarrotado com chocolate
desencanto desenhar-te
não percorrendo com os meus dedos
o corpo teu que tu
inventaste para mim...
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