Acreditava que voavam os
pássaros
como voavam as tuas mãos
nas janelas do meu peito
fingia-me de morto
apenas para perceber a
cor das tuas lágrimas
acreditava que voavam as
flores
como voavam os teus
lábios nos meus lábios
acreditar
acreditando que as noites
são pedacinhos de pano
com beijos em papel...
acreditava que voavam
seios teus
em minhas mãos de sílaba
adormecida
eu, eu acreditava,
Acreditando
acreditar que todas as
manhãs acordavam as minhas antigas sandálias em couro
esquecidas debaixo das
mangueiras
acreditava que dormias em
pé e te enrolavas no cacimbo
acreditava que voavam os
pássaros
como voavam as tuas coxas
sobre o trapézio da madrugada...
acreditar eu acreditava
mas não te amo como amo o
voo dos pássaros
mas não te amo como amo
as minhas pobres sandálias em couro
acreditava que voando
como os pássaros
eu poderia voar como o
amor sobre o mar ao cair a noite
acreditava que vias nas
minhas palavras as fotografias de ontem
enquanto brincávamos
sobre as bananeiras do teu quintal...
acreditava que voavam os
pássaros
como voavam as palavras
em versos esfomeados
distorcidos
infelizes como eu por
acreditar nos pássaros voando não voando como nós
eu, eu acreditava.
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