terça-feira, 1 de outubro de 2024

(e o negro que alimenta a noite de ti)

 

Tinhas-me prometido o sono

o sossego

e o negro

que alimenta a noite de ti,

 

tinhas-me prometido o silêncio

e as pequenas árvores do bosque

perto

antes do amanhecer acordar e levar-te,

 

Tinhas-me a mim

e trocaste-me por um velho espelho recheado de ranhuras...

tinhas-me prometido o desejo

e apenas cacos e pedaços de beijos sobejaram sobre a mesa da sala,

 

tinhas-me e nada de ti era a verdade

nunca tivemos manhã

nunca existiu em nós alegres madrugadas...

tinhas-me e deixaste-me fugir pela fechadura do medo,

 

tinhas-me prometido o prometido

as palavras que escrevo

que tenho medo de escrever e

as palavras vorazes como um rio em ti perdido,

 

tinhas

tinhas-me prometido o sono

o sossego

o desejo,

 

(e o negro

que alimenta a noite de ti)

 

tinhas-me prometido o fogo

e todas as lareiras de todas as bibliotecas das casas abandonadas

tinhas-me

e deixaste-me suspenso no tecto da insónia...

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