domingo, outubro 06, 2024

as listras encarnadas da solidão

 

espero-te como se fosses a noite e me trouxesses as listras encarnadas da solidão

como se fosses a janela dos meus sonhos

e me trouxesses

a fantasia

e a paixão

revestida

negra

a fome

depois de acordar a madrugada

depois de cessar este empobrecido coração

espero-te

espero-te eu porquê?

 

depois...

depois o quê?

que não dormes

e que sonhas comigo?

espero-te na esquina da insónia

e tu não és de carne e osso...

como os humanos que aprendi a distinguir e a amar e a odiar...

às vezes

depois

tenho-te medo

que vagueis em mim como os tristes ângulos dos teus lábios

entre senos e co-senos magoados

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