Imagino os teus olhos
lacrimejantes nas paisagens do Congo,
Transportavas no corpo as
serigrafias do sono…
Que apenas um rio te
separava da inocência,
Tinhas na algibeira os
cigarros e a fotografia da tua mãe…
Inventavas poemas com
palavras esquecidas no capim,
Que o cacimbo
apergaminhava na aventura da escuridão,
Lá longe ficava a barcaça
imaginária de um dançarino obsoleto,
Sentavas-te nas montanhas
da tristeza e rezavas,
Rezavas pela melancolia dos
destinos transparentes do olhar de uma serpente,
E nunca percebeste que eu
um dia eu te recordaria como um sonâmbulo obscuro,
Que transporta os
alicerces de uma cidade em pó…
E em pó te transformaste.
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