domingo, outubro 06, 2024

As cinco torres de neblina

 

Embebida nas drogas sintéticas do desejo

há palavras que brotam em teus alicerçados lábios de amanhecer

como pedaços de papel suspensos de um velho livro de poemas

há uma cadeira vazia onde te sentavas

e deixaram de existir os gemidos gonzos perdidos de ti,

 

Saboreando eu as ditas embebidas na tua doce boca

ou quando acorda o botão de rosa

e sabes que vem do espelho cinzento o vento que te enlaça

e enrola nos cordões de aço

sobre o rio em delírios nocturnos,

 

Abres as janelas das cinco torres de neblina

que sobejaram da alegre tempestade de alento

sabes que parti porque sou como as gaivotas

voando de mastro em mastro

em busca de alimento,

 

Sou

sou um falso carvão filho de um medíocre carvoeiro

que corre as ruelas da cidade numa bicicleta antiquada

não estou habituado a alimentar-me como as pessoas comuns

talvez porque eu não seja humano… talvez porque eu sou um normal carvão,

 

Sem coração

profano

embebida nas drogas sintéticas do desejo

ela a Rainha das madrugadas em poesia

saltando de vez em quando os tristes muros da insónia...

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