Há fogo nos teus olhos
minguados pelo silêncio da chuva
quando o meio-dia de um
suicidado relógio
cai sobre as pequenas
lágrimas de granito
como se os amargos poemas
da morte
tivessem vida e
começassem a transpirar sílabas furtivas,
Há fogo nos teus olhos
como janelas cristais
dentro de hipercubos
como lábios de areia
da lareira dos sonhos
as tristes paisagens dos
teus seios de amêndoa,
Há tanta coisa dentro de
ti
meu cansado amor sem
teres a destemida coragem de me olhar
escrever ou pintar no
muro recheado de ervas e sanzalas imaginárias
os poucos sonhos que as
minhas mãos deixaram no teu rosto argamassado
pelas geadas marés do
vidro em planícies embalsamadas pelo desejo da paixão,
Há fogo nos teus olhos
minguados pelo... da chuva
que te esqueces das
poucas palavras que ainda vivem dentro de mim
como uma roseira bravia e
ensanguentada pelas nuvens em demanda...
há meu amor
madrugadas fingidas em
noites acordadas tuas fantasias,
E que não sabias
que há árvores à nossa
espera num jardim invisível
onde passa um rio em
corridas apressadas
adormece no mar
do fogo teus olhos
minguados pelo silêncio da chuva.
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