domingo, outubro 06, 2024

Amargos poemas da morte

 

Há fogo nos teus olhos minguados pelo silêncio da chuva

quando o meio-dia de um suicidado relógio

cai sobre as pequenas lágrimas de granito

como se os amargos poemas da morte

tivessem vida e começassem a transpirar sílabas furtivas,

 

Há fogo nos teus olhos

como janelas cristais dentro de hipercubos

como lábios de areia

da lareira dos sonhos

as tristes paisagens dos teus seios de amêndoa,

 

Há tanta coisa dentro de ti

meu cansado amor sem teres a destemida coragem de me olhar

escrever ou pintar no muro recheado de ervas e sanzalas imaginárias

os poucos sonhos que as minhas mãos deixaram no teu rosto argamassado

pelas geadas marés do vidro em planícies embalsamadas pelo desejo da paixão,

 

Há fogo nos teus olhos minguados pelo... da chuva

que te esqueces das poucas palavras que ainda vivem dentro de mim

como uma roseira bravia e ensanguentada pelas nuvens em demanda...

há meu amor

madrugadas fingidas em noites acordadas tuas fantasias,

 

E que não sabias

que há árvores à nossa espera num jardim invisível

onde passa um rio em corridas apressadas

adormece no mar

do fogo teus olhos minguados pelo silêncio da chuva.

Sem comentários:

Enviar um comentário