Procuras-me nas pálpebras
cinzentas húmidas da madrugada
como se eu fosse um livro
de poemas
adormecido sobre a tua
mesa-de-cabeceira ausente da claridade
os petroleiros
atravessando o Tejo
fundeados no teu peito
a saliva púrpura das
carícias invisíveis que teces nas folhas das árvores
quando gaguejas os
gemidos das manhãs dos pássaros cansados
nas rosas perfume
colorido,
Senti as magrezas ósseas
das sombras
sem ti nos meus abraços
de porcelana
ao longe as pedras da
escrita
perpétuas nas sílabas
infinitas que as coxas tuas escondem
quando a noite misturada
com a lua
dorme docemente sem saber
que na rua sem saída
saltitam lágrimas de
choque
na borracha clandestina
das gargantas dos oceanos de Belém,
As tuas cartas semeadas
na planície das palavras
oiço a tua voz no
transverso esforço do Outono
quando os socalcos
imaginados por abelhas estonteantes
e em pequeníssimos voos
rasantes
rasgam as nuvens cor de
vinho
da tarde transfigurada no
alimento desejado
das tão afamadas telas de
pó de xisto e neblinas de oiro...
e cai a noite nos arcos
de vidro da tristeza.
Sem comentários:
Enviar um comentário