quinta-feira, 10 de outubro de 2024

a seara incendiada pelo peso da luz

 

a peso da lua

quando o beijo invisível se mistura no luar

e os peixes voadores

em silêncios dispersos

há uma mão que balança dentro do cortinado do abismo

o medo subtrai-se à complexa matriz transposta

e que nas horas de vazio

submerge nos ziguezagues

da morte

a luz selvagem dos olhos que me odeiam

entre as flores pintadas no muro da escola

e as estrelas nos lábios das gaivotas adormecidas

 

(sinto-me cansado

de olhar o mar

sem ondas e sem sonhos

como uma seara incendiada pelo peso da luz)

 

morre o meu último barco que imaginei

construir na Baía de Luanda...

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