terça-feira, 1 de outubro de 2024

A cidade de Deus

 

Esta é a minha cidade inventada por Deus

que me esconde quando acordam as tempestades

e o mar sobe até ao quinto andar

e há uma porta em forma de cacimbo

com o cheiro a capim doce e a terra húmida,

 

Há em mim esta cidade

preenchida nas telas brancas

com espaços vazios

sombrias depois dos alicerces teus cabelos

mergulharem na penumbra do feitiço da noite,

 

Procuro a saída e percebo que nesta cidade

na rua onde habito desta cidade

não tem portas de emergência

não tem escadas de incêndio...

nem as palavras poéticas das melodias dos cigarros em festa,

 

Esta cidade é uma “merda” de cidade inventada

tem muitas portas

tem muitas janelas

mas nenhuma delas

me dão acesso ao amor dos jardins junto ao rio,

 

Nesta cidade perdida ando como um vampiro

ou um ramo de árvore depois do pequeno-almoço

quando a sorte desaparece e as pequenas lâmpadas do estômago fingem-se apagadas

esta cidade com esqueleto de vidro e aço e granito

e pingos de silêncio dos suicídios das gaivotas cinzentas...

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