terça-feira, 1 de outubro de 2024

… um sonhador travestido de mendigo

 

Objectos complexos

quiçá dos números perfeitos que o corpo absorve

objectos como serpentes venenosas enroladas na garganta da morte...

e o teu novíssimo esqueleto de chita vagueia sobre os zincos telhados

que a noite esconde quando das estrelas vêem-se os alicerces da solidão,

 

Ove-se em ti o círculo de sombra que a madrugada esconde

vivíamos embebidos no pânico das amendoeiras em flor

percebíamos que um dia também seriamos flores com braços de xisto

e no peito um pequeno sorriso de rio elevar-se-á até ao cimo da insónia...

ouve-se que o teu corpo amarrota papel pedaços como palmas de sofrimento nas ardósias das tardes de suicídio...

 

Objectos cansados pelos sons poéticos dos teus lábios

dizes-me que sempre fui um louco

… um sonhador travestido de mendigo voando nas transversais ruelas da cidade

eu... sou a cidade

prostituindo-se com a poesia invisível dos trapos pincéis que o mar alimenta.

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