domingo, 22 de setembro de 2024

Fingidas tristezas

 

Fingias tristezas

no planalto imaginário das palavras incompreendidas

desenhavas as árvores e os arbustos que a despedida levou

quando regressou a tempestade de areia

e o teu corpo permanecia absorto ou morto ou simplesmente infinito,

 

Perdido nas íngremes amargas letras vermelhas

imagens a preto-e-branco projectavam-se-lhes como dentes de marfim

em crocodilos de madeira negra

húmida

também ela ausente da Primavera tarde que o silêncio amanhava,

 

E hoje

ninguém

coragem

ninguém o apanha do cinzeiro vestido de abelhas flutuantes

quando me escrevias insignificantes palavras desconexas,

 

Velhas

cansadas

mentiras de anda

como as madrugadas de cimento

e a marmelada caseira,

 

Minhas manhãs de nada

ou nada sabendo que não estás nas fingidas tristezas

de livros ou papel amarrotado como as lanternas da solidão

e que sim que simplesmente levitou

às mágoas uivas maçãs do prazer...

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