Qualquer coisa
estranha à janela
olho as árvores
imaginadas
por um miúdo em
calções
olho-lhe os braços
suspensos no cacimbo
e ele acena-me com
um sorriso ténue
antes de adormecer
a tarde
e enquanto me
acena
vai imaginando
árvores enormes quase a tocarem o céu
árvores que rompem
a montanha
árvores que alguém
esqueceu
num jardim de
aldeia
ou perdidas numa
cidade
sem janelas
sem portas
sem casas
uma cidade
construída em papel
e com muitas
palavras
a cidade dos livros
a cidade dos
livros
com gajas
poeticamente desejadas
e poeticamente
amadas
como as flores dos
jardins de Belém
uma cidade sem
cigarros
e sem rimas
e todas as
personagens
coisas estranhas à
janela.
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