sábado, 24 de agosto de 2024

 

Nunca tive um nome. No entanto

Uns apelidam-me de Luís, a grande maioria.

Há quem me apelide de Francisco, muito poucos,

Incluindo a minha mãe, quando me queria dar umas nalgadas no rabo,

E no serviço militar, era apenas, o Fontinha.

 

Mas eu ficava mais feliz, se em vez de um nome, eu fosse apelidado por um número. Gosto de números e de matemática. (já tenho um explicando)

E um número que fosse aleatório, que de cada vez que alguém me chamasse, nunca se repetia o meu nome. Detesto repetições, coisas síncronas, coisas que nunca mudam de posição ou de ludar, uma viga, por exemplo, está sempre no mesmo sítio…

Um horror.

 

O meu avô Domingos, chamava-me de Luisinho; já gosto mais.

Que saudades eu tenho do avô Domingos.

 

E até na morte se eu fosse apelidado por um número, tudo, tudo seria mais simples.

Por exemplo,

Em vez de escreverem no obituário

Faleceu francisco luís rodrigues fontinha,

Colocavam apenas,

Morreu o 13574.

Deixou viúva e 2 filhos:

Sentidos pêsames à dona 10704 e aos piquenos,

O 315 e 828.

 

Tudo. Tudo era mais simples para mim.

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