Nunca tive um nome. No entanto
Uns apelidam-me de Luís,
a grande maioria.
Há quem me apelide de Francisco,
muito poucos,
Incluindo a minha mãe, quando
me queria dar umas nalgadas no rabo,
E no serviço militar, era
apenas, o Fontinha.
Mas eu ficava mais feliz,
se em vez de um nome, eu fosse apelidado por um número. Gosto de números e de
matemática. (já tenho um explicando)
E um número que fosse
aleatório, que de cada vez que alguém me chamasse, nunca se repetia o meu nome.
Detesto repetições, coisas síncronas, coisas que nunca mudam de posição ou de
ludar, uma viga, por exemplo, está sempre no mesmo sítio…
Um horror.
O meu avô Domingos,
chamava-me de Luisinho; já gosto mais.
Que saudades eu tenho do
avô Domingos.
E até na morte se eu
fosse apelidado por um número, tudo, tudo seria mais simples.
Por exemplo,
Em vez de escreverem no
obituário
Faleceu francisco luís
rodrigues fontinha,
Colocavam apenas,
Morreu o 13574.
Deixou viúva e 2 filhos:
Sentidos pêsames à dona
10704 e aos piquenos,
O 315 e 828.
Tudo. Tudo era mais
simples para mim.
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