sábado, 6 de abril de 2024

Noites

Manhã sem saber que o é

manhã. Absoluta, porque a esperança será apenas e

uma vontade de trazer do oceano os ossos em pequenas palavras,

hoje, cânfora anónima madrugada, levou a noite ao suicídio, e

nada, apenas uma contígua maré de espuma.

 

Manhã sem saber que dentro de um círculo de luz, o Inverno levanta a montanha e poisa-a sobre a escura lua que inventa no silêncio as ardósias ensonadas,

também elas manhãs.

Também

elas envoltas no açúcar que a criança lança contra o vento.

 

Também

elas filhas flores de um jardim de pigmentos de luz, mísero inferno que alimenta o capim na boca da tarde.

O leão em busca da carne branqui luz do teu corpo, terra prometida, terra agreste que o poeta lavra com a mão; o poeta é um semeador de palavras.

Manhã de enganos. Também ela

manhã poeta, também ele um engano

sítio onde se esconde a casa com olhos de prata,

à janela,

um

orgasmo de luz.

 

Manhã sem saber que o é

manhã. Absoluta, porque a esperança será apenas e

 

tão só, como são as noites que se alicerçam ao meu corpo.

 

06/04/2024

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