Manhã sem saber que o é
manhã. Absoluta, porque a
esperança será apenas e
só
uma vontade de trazer do
oceano os ossos em pequenas palavras,
hoje, cânfora anónima
madrugada, levou a noite ao suicídio, e
nada, apenas uma contígua
maré de espuma.
Manhã sem saber que
dentro de um círculo de luz, o Inverno levanta a montanha e poisa-a sobre a
escura lua que inventa no silêncio as ardósias ensonadas,
também elas manhãs.
Também
elas envoltas no açúcar
que a criança lança contra o vento.
Também
elas filhas flores de um
jardim de pigmentos de luz, mísero inferno que alimenta o capim na boca da
tarde.
O leão em busca da carne branqui
luz do teu corpo, terra prometida, terra agreste que o poeta lavra com a mão; o
poeta é um semeador de palavras.
Manhã de enganos. Também
ela
manhã poeta, também ele
um engano
sítio onde se esconde a
casa com olhos de prata,
à janela,
um
orgasmo de luz.
Manhã sem saber que o é
manhã. Absoluta, porque a
esperança será apenas e
só
tão só, como são as
noites que se alicerçam ao meu corpo.
06/04/2024
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