Escuras, frias, são as vizinhas da tempestade
Pára, escuta e avança, sobre a montanha
desanimada por ter um cancro,
Um melanoma no cume mais alto, uma
tragédia…
Ver todas aquelas árvores em morte
aparente, caindo uma a uma sobre o chão lamacento da dignidade.
Pára, escuta e avança, Porto-Campanhã –
Lisboa, Santa Apolónia…
E Santarém era um minúsculo ponto no meu
corpo, quando eu sabia pelo calor ou pelo frio, o sentido do meu destino.
Ainda hoje recordo esse vento envergonhado,
que do exterior, obedecendo à teoria da relatividade, entrava e saía, como uma
abelha.
Escuras, são frias, as vizinhas da
tempestade
Corpo que se esconde na página de uma
mão, quando essa mão, pertence a Deus, e Deus, pertence-te como te pertencem as
flores da Primavera.
Que dizer a tudo isto.
Que nada mais há a dizer.
Que são escuras, que são frias, as
vizinhas da tempestade,
E as noites minhas.
E as noites guardadas.
(Francisco – 16/04/2024)
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