terça-feira, 16 de abril de 2024

Melanoma

Escuras, frias, são as vizinhas da tempestade

Pára, escuta e avança, sobre a montanha desanimada por ter um cancro,

Um melanoma no cume mais alto, uma tragédia…

Ver todas aquelas árvores em morte aparente, caindo uma a uma sobre o chão lamacento da dignidade.

 

Pára, escuta e avança, Porto-Campanhã – Lisboa, Santa Apolónia…

E Santarém era um minúsculo ponto no meu corpo, quando eu sabia pelo calor ou pelo frio, o sentido do meu destino.

Ainda hoje recordo esse vento envergonhado, que do exterior, obedecendo à teoria da relatividade, entrava e saía, como uma abelha.

 

Escuras, são frias, as vizinhas da tempestade

Corpo que se esconde na página de uma mão, quando essa mão, pertence a Deus, e Deus, pertence-te como te pertencem as flores da Primavera.

 

Que dizer a tudo isto.

Que nada mais há a dizer.

Que são escuras, que são frias, as vizinhas da tempestade,

E as noites minhas.

E as noites guardadas.

 

(Francisco – 16/04/2024)

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