quarta-feira, 13 de março de 2024

 




Fodido está o Gonçalves porque comprou uma burrinha por cinco euros,

E ainda teve de oferta um velho arado, que sempre servirá para lavrar este texto.

Quando o Gonçalves chegou a casa com a burrinha e com o arado, deparou-se que a burrinha não tinha documentação

Nem carta de condução.

Pensou: o cigano fodeu-me.

E como fodido já ele estava, não quis saber mais da burrinha nem do arado,

Sentou-se numa cadeira junto ao alpendre, puxou de um cigarro e

Começou a fazer fumo de contas porque tinha sido enganado pelo cigano; ele tinha ido à feira para comprar um livro de poesia,

Não uma burrinha e ainda por cima carregar ao lombo com o velho arado.

 

O Gonçalves queria comprar o livro de poesia de um tal de Fontinha, Poemas Dispersos, que de desperdício só têm o sabor,

Foi à barraca da tia Alice,

Que não,

Que não tinha nem nunca tinha ouvido falar de tal coisa ou coisinho com chapéu de poeta.

Com licença, continuação de boa tarde e que seja o que o rio quiser,

Quando galgar as margens.

 

O Gonçalves nunca saberá lavrar um texto, pelo qual, não precisará mais da burrinha e do arado; brevemente irá colocá-los à venda por dois euros e meio, estando disposto a baixar até aos dois euros.

 

(orgasmo literário)

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