Fodido está o Gonçalves porque comprou
uma burrinha por cinco euros,
E ainda teve de oferta um velho arado,
que sempre servirá para lavrar este texto.
Quando o Gonçalves chegou a casa com a
burrinha e com o arado, deparou-se que a burrinha não tinha documentação
Nem carta de condução.
Pensou: o cigano fodeu-me.
E como fodido já ele estava, não quis
saber mais da burrinha nem do arado,
Sentou-se numa cadeira junto ao
alpendre, puxou de um cigarro e
Começou a fazer fumo de contas porque
tinha sido enganado pelo cigano; ele tinha ido à feira para comprar um livro de
poesia,
Não uma burrinha e ainda por cima
carregar ao lombo com o velho arado.
O Gonçalves queria comprar o livro de
poesia de um tal de Fontinha, Poemas Dispersos, que de desperdício só têm o
sabor,
Foi à barraca da tia Alice,
Que não,
Que não tinha nem nunca tinha ouvido
falar de tal coisa ou coisinho com chapéu de poeta.
Com licença, continuação de boa tarde e
que seja o que o rio quiser,
Quando galgar as margens.
O Gonçalves nunca saberá lavrar um
texto, pelo qual, não precisará mais da burrinha e do arado; brevemente irá
colocá-los à venda por dois euros e meio, estando disposto a baixar até aos
dois euros.
(orgasmo
literário)
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