sábado, 18 de novembro de 2023

Revolto mar

 Percebo que o mar que tenho dentro de mim

Está revolto, percebo que este mar, desde muitos anos, está cansado, do meu corpo,

Percebo que este mar, que transporto desde criança, um dia,

Um dia terá de morrer.

 

Um dia, quando os meus poemas forem os teus lábios em gramas de sorriso,

Percebo que este mar, este mar que é meu, agora, percebo

Que um dia, vai morrer.

Ficarei com a maré, ficarei com os barcos deste mar,

E um dia,

E um dia terá de morrer.

 

Percebo, meu amor, percebo que o mar que tenho dentro de mim

Está só, percebo, que este mar, que este mar não pertence ao meu corpo,

Cálice com veneno, que ao peque-almoço te dou, com as mágoas dos meus poemas.

Um dia, um dia, meu amor, um dia hei-de matar este mar,

Um dia hei-de assassinar este mar,

Este mar que não é o meu mar…

O meu mar, meu amor, o meu mar era salgado, este,

Este é doce, e meigo.

 

E desajeitado

 

 

18/11/2023

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