Sirvo-me e pergunto-me de que me sirvo
Se não há nada para me ser servido
Penso
E nada há para pensar
A não ser
Servir-me
Do que não me serve
Sirvo-me do quarto com serventia
Com acesso à casa de banho
Um par de sapatos
Que já não me servem
E servir-me daquilo que deixou de me servir
Sentado
Não me serve
Nem me serve o devido ser-me servido
No entanto
Penso
Que já nada me serve
Nem este pobre lenço
Que só servia para esconder baba e ranho
Não
Não me serve ficar sentado
Servindo-me disto e daquilo
Coisas que às vezes
Servem
Que outras vezes
Deixam de servir
E sirvo-me quando me pergunto
De que me serve tudo
Não me servindo nada
Não me servindo o pouco
Penso
Que não me serve pensar
Porque me cansa
Porque me faz chorar
Pensar
Que me sirvo
Não me servindo
Tão pouco sei se me posso servir
Desse pedaço de bolo
Que não me serve para nada
Apenas para saciar a minha fome
Que tem nome;
Serve-me por favor algo que ainda não tenha sido
servido.
O sofrido servido do triste sofrido
O eu, o eu fodido.
01/10/2023
Sem comentários:
Enviar um comentário