quinta-feira, 15 de junho de 2023

Labirinto de insónia

 Procuro nas minhas mãos

O sono e o silêncio das primeiras lágrimas da madrugada.

Procuro nas minhas mãos

Vazias

Distantes…

Procuro nas minhas mãos

A luz diáfana das marés de engano

E todas as tristezas da alvorada,

 

Visto-me de zé-ninguém

Sabendo que um outro alguém

Também vestido de uma outra coisa qualquer…

Me persegue neste labirinto de insónia

Devoluto

Frio…

E escuro como os túneis de vento,

 

Procuro

Procuro nas minhas mãos…

A sombra

E o além,

 

Procuro nestas mãos inventadas

Por alguém que não conheço

Que nunca vi

Mas que existe

E está lá

De lá

Onde este navio apodrecido

Ainda resiste

Ainda procura nas minhas mãos…

Um pedacinho de mar

Antes que o mar…

Antes que o mar morra

E este pobre barquinho…

Adormeça

E das minhas mãos…

Um sorriso de alguma coisa…

Cresça.

 

 

 

Alijó, 15/06/2023

Francisco Luís Fontinha

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