Procuro nas minhas mãos
O sono e o silêncio das
primeiras lágrimas da madrugada.
Procuro nas minhas mãos
Vazias
Distantes…
Procuro nas minhas mãos
A luz diáfana das marés
de engano
E todas as tristezas da alvorada,
Visto-me de zé-ninguém
Sabendo que um outro
alguém
Também vestido de uma
outra coisa qualquer…
Me persegue neste
labirinto de insónia
Devoluto
Frio…
E escuro como os túneis
de vento,
Procuro
Procuro nas minhas mãos…
A sombra
E o além,
Procuro nestas mãos inventadas
Por alguém que não
conheço
Que nunca vi
Mas que existe
E está lá
De lá
Onde este navio
apodrecido
Ainda resiste
Ainda procura nas minhas
mãos…
Um pedacinho de mar
Antes que o mar…
Antes que o mar morra
E este pobre barquinho…
Adormeça
E das minhas mãos…
Um sorriso de alguma
coisa…
Cresça.
Alijó, 15/06/2023
Francisco Luís Fontinha
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