domingo, 11 de junho de 2023

Janela

 

Da minha janela,

Da minha janela deixei de ver o mar;

Não me importo…

Aos poucos comecei a odiar o mar…

E odeio a minha janela.

 

Da minha janela,

Da minha janela ouvia os pássaros,

Hoje,

Hoje nem sequer tenho uma janela…

Hoje nem sequer sei o que são pássaros.

 

E hoje,

Hoje nem sequer me tenho a mim.

Da minha janela recebia o dia,

Umas vezes vestido de poesia…

Outras vezes,

Muitas vezes…

Abraçado à madrugada,

Hoje,

Hoje nem recebo o dia,

E tão pouco… sei o que é a madrugada,

E a minha poesia é uma merda,

Tal como a minha janela…

São pedacinhos de nada,

São pedacinhos de tudo nas mãos de uma caravela.

 

Da minha janela,

Coitada da minha janela…

Tal como eu, um tolo perdido na alvorada…

E tenho pena dela,

Da minha janela,

E tenho pena de mim,

De mim…

Sem janela com vista para o mar.

 

 

Francisco Luís Fontinha

11/06/2023

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