Da minha janela,
Da minha janela deixei de
ver o mar;
Não me importo…
Aos poucos comecei a
odiar o mar…
E odeio a minha janela.
Da minha janela,
Da minha janela ouvia os
pássaros,
Hoje,
Hoje nem sequer tenho uma
janela…
Hoje nem sequer sei o que
são pássaros.
E hoje,
Hoje nem sequer me tenho
a mim.
Da minha janela recebia o
dia,
Umas vezes vestido de
poesia…
Outras vezes,
Muitas vezes…
Abraçado à madrugada,
Hoje,
Hoje nem recebo o dia,
E tão pouco… sei o que é
a madrugada,
E a minha poesia é uma
merda,
Tal como a minha janela…
São pedacinhos de nada,
São pedacinhos de tudo
nas mãos de uma caravela.
Da minha janela,
Coitada da minha janela…
Tal como eu, um tolo
perdido na alvorada…
E tenho pena dela,
Da minha janela,
E tenho pena de mim,
De mim…
Sem janela com vista para
o mar.
Francisco Luís Fontinha
11/06/2023
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