sábado, 8 de abril de 2023

Incenso da vida

 Regressam as primeiras equações de sono

E se Deus quiser

Todas as fogueiras

Onde ardem todos os corpos

São

Equações mergulhadas em pequenas equações de sono

 

Revolta-se porque a tristeza aportou em sua mão

Não o faças gazela do mato

Milhafre enfartado…

Nunca peças o perdão

Quando a montanha desce a calçada

E um círculo de luz

Leva-te até às profundezas do Tejo

 

Podias ter-te abraçado a esse rio

Podias dormir nesse rio

Peixe carnívoro de todas as abelhas em flor

Que do salgado sangue

Mergulham na tua boca

Os restos de esperma da noite anterior

 

Às palavras

Abraçam-se os cadáveres de prata que a manhã vomita sobre a geada

Cavaleiro e cavaleira

Madre

Padre

Filho e filhos

(da puta e não só)

Às palavras

Das lápides de sono

Que tal como as equações…

A calçada hoje é um dormitório de espermas ressequidos pelo incenso da vida.

 

 

 

08/04/2023

Francisco 

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