Há-de regressar a metástase do silêncio
Ao teu corpo desengonçado
Enquanto este rio de
sangue
Corre para as umbreiras
do amanhecer,
Há-de regressar deste rio
sangrento
A fome e a peste
A solidão
E as amendoeiras em flor,
Há-de regressar a metástase
do silêncio
Da fina flor desenhada
Deste pobre corpo
O corpo dependurado na
manhã,
Há-de regressar
Regressar às sonâmbulas
madrugadas
O sorriso suspenso nos
teus olhos
Quando das metástases do
silêncio
Este corpo
Corpo que dizem que me
pertence
Que não acredito
Porque já nada me
pertence
Se alegra na noite de mim.
Alijó, 17/01/2023
Francisco Luís Fontinha
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