terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Os lábios do silêncio

 Deito a cabeça no teu ventre

E oiço as andorinhas

Quando acordam pela manhã,

 

Esqueço-me que existo

Deixo-me ir enquanto a noite voa nos lábios do silêncio,

 

Deito a cabeça no teu ventre

E todas as estrelas vêm aos teus olhos

Como se fossem pássaros

Como se fossem árvores

Ou palavras semeadas

Nas margens de um rio,

 

Deito a cabeça no teu ventre

E consigo ouvir o mar

E todos os mistérios do mar,

 

E adormeço em ti

Como adormecem as sílabas

Nas páginas de um livro,

 

E a noite é uma canção que apenas os teus lábios conseguem ouvir.

 

 

 

 

 

Alijó, 27/12/2022

Francisco Luís Fontinha

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