quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Tristes noites de Outono

 Já se vê um pequeno sorriso

No teu olhar marítimo das tristes noites de Outono,

Puxo de um cigarro

E olho-te no espelho que esconde as estrelas

Que saem do teu olhar,

 

E sobre a mesa onde poiso o meu corpo,

Uma lâmina de luz, em pequenos círculos,

Desenha a morte do poema envenenado pelos teus lábios,

E se não fossem estas palavras que todas os dias lanço ao mar,

O meu coração era um barco fundeado no teu peito…

 

Uma âncora de ferro, uma pequena sílaba que deixou de respirar,

Um abraço em despedida,

E todas as noites oiço-te mergulhar

Nas sombras quadriculas da insónia,

Porque desta noite,

 

Apenas sobrevivem as canções junto à lareira,

E junto à tua pele, as minhas mãos descem ao luar

Do desejado milagre,

Ajoelho-me e percebo

Que a noite é a tua casa, onde te escondes das luzes da paixão,

 

E nas luzes da paixão permaneces só, impávida

Como uma lágrima de sono

Que quando acorda puxa o mar

Para os teus beijos…

E que os teus beijos sejam migalhas de pão.

 

 

 

 

Alijó, 10/11/2022

Francisco Luís Fontinha

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