Já se vê um pequeno sorriso
No teu olhar marítimo das
tristes noites de Outono,
Puxo de um cigarro
E olho-te no espelho que
esconde as estrelas
Que saem do teu olhar,
E sobre a mesa onde poiso
o meu corpo,
Uma lâmina de luz, em
pequenos círculos,
Desenha a morte do poema envenenado
pelos teus lábios,
E se não fossem estas
palavras que todas os dias lanço ao mar,
O meu coração era um
barco fundeado no teu peito…
Uma âncora de ferro, uma
pequena sílaba que deixou de respirar,
Um abraço em despedida,
E todas as noites oiço-te
mergulhar
Nas sombras quadriculas
da insónia,
Porque desta noite,
Apenas sobrevivem as canções
junto à lareira,
E junto à tua pele, as
minhas mãos descem ao luar
Do desejado milagre,
Ajoelho-me e percebo
Que a noite é a tua casa,
onde te escondes das luzes da paixão,
E nas luzes da paixão
permaneces só, impávida
Como uma lágrima de sono
Que quando acorda puxa o
mar
Para os teus beijos…
E que os teus beijos
sejam migalhas de pão.
Alijó, 10/11/2022
Francisco Luís Fontinha
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