segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Corpo de menina

 

Escrevo neste rio teimoso

Rio que habita no meu peito

Escrevo nos teus olhos

As lágrimas do amanhecer

Escrevo e não escrevo

Mas temo que o não possa fazer

Quando nos teus lábios

Crescer uma flor.

 

Escrevo neste rio envergonhado

Que dentro de mim se perdeu na enxada da saudade

Dos dias sem dormir

Nas noites quando penso em ti

Montanha desalojada.

 

Escrevo com esta pincelada enxada

No teu corpo que desce a colina

Escrevo e não escrevo

Escrever em teu corpo de menina.

 

 

 

Alijó, 28/11/2022

Francisco Luís Fontinha

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