segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O sono

 Somos tristes

Alegres

Somos o mar

Quando temos sono

O beijo

No infinito Universo de Deus

Au alto

Em baixo

Ergo-me

E converso com os teus lábios

E nos teus lábios sei que tenho paz

Volto a erguer-me

Agacho-me

Sento-me

Cago

E o gajo morre

O gajo

Sou eu

Um parafuso

Sem rosca

Com pernas

Braços

Ao amor

O que pertence ao amor

No entanto

Sento-me nesta pobre parede

Com piolhos

Com lêndeas

Com sifles

Sem sifles

Arde-lhe a boca

Do incenso fumado

O gajo esgalha uma

Reza a Deus

Pede-lhe perdão…

Ai o perdão

Nas mãos de um barco

Cansado

Aflito

Em lágrimas

Percebes agora o significado do poema?

Palavras

Massa

O arroz

Maldisposto

E o chouriço filho?

Quando o prato

Dorme em formatura

O triste soldado

Dispara a espingarda

PUM PUM PUM

Somos tristes

Alegres

Somos o mar

E que mar

O mar de amar de beijar quando o luar é luar e o mar é o mar

 

 

 

Alijó, 24/10/2022

Francisco Luís Fontinha

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