Sento-me nesta cadeira rabugenta
E espero que a Nortada
Me leve,
Qualquer lugar, qualquer
dia,
Todos os dias,
Sento-me nesta cadeira
rabugenta
E acredito que das minhas
palavras
Nascerão as primeiras chuvas
da manhã,
Um poema
Ou uma simples lágrima.
Sento-me
E percebo que esta
cadeira não me pertence,
Que esta cadeira em
marfim
É a madrugada disfarçada
de mendigo,
O mesmo mendigo que me
visita todas as noites
E me pede cigarros
E me pede azeite para a
candeia das almas.
Sento-me nesta cadeira
rabugenta
Acreditando que a cidade
arde
Na algibeira de um magala
em apuros,
De espingarda nos lábios.
E desta cadeira rabugenta
Oiço os gemidos ossos
Sobre o peito da alvorada…
Quando já regressaram a
mim todas as tempestades do sémen enforcado.
Alijó, 22/10/2022
Francisco Luís Fontinha
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