Percebia que nos teus braços
Habitavam as andorinhas
da Primavera,
Como habitam em mim,
As palavras que os teus
lábios
Vomitavam na triste
alvorada;
Percebia que nos teus
braços
Brincavam as sílabas
cansadas do luar,
Enquanto nas ribeiras,
Nas palavras do infinito,
Existiam as manhãs
cansadas,
Que nas primeiras horas
da madrugada
Desciam às vozes roucas
da solidão.
Hoje, percebo que o corpo
em dor
É um pedacinho de nada
Em direcção mar,
Em perpétuo silêncio.
Percebia que nos teus
braços
Um menino traquino
sonhava
Com as marés de um jardim
Construído sobre a sombra
das mangueiras endiabradas…
E percebia que nos teus braços
Eu bebia todos os poemas
Que nas árvores dançavam,
Como dançaram num quarto
escuro
Os gladíolos das tuas
mãos.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 14/08/2022
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