domingo, 25 de dezembro de 2016

Lua encarnada


Minha lua encarnada

Subjacente aos lábios da madrugada

Doce manhã ao acordar

Sempre que o meu corpo sente

O cintilar da maré…

O sofrimento da alvorada

Minha lua

Meu amante desesperado

Nas ruelas íngremes da solidão

Minhas mãos ensanguentadas pela escuridão

Nos jardins suspensos do teu olhar

E deixei para ti o meu mar

E deixei para ti o meu coração

Desenhado numa rocha

Que a cidade absorve

Nas tristes e belas calçadas…

Minha lua encarnada

Meu silêncio de nada

Oiço do teu sorriso o sofrido amanhecer

Que em cada poema acordam

E se deitam

Como cadáveres de pano…

Como cadáveres sem viver.

 

 

Francisco Luís Fontinha

25/12/16

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