segunda-feira, 23 de março de 2015

Não me lembro, meu filho..., não me lembro..., a vida era complicada, não tínhamos dinheiro para nada
Nada, pai?
Nada, meu filho, os dardos da pobreza alicerçavam-se aos nossos braços, regressava o beijo, e
António?
Sim, meu querido!
Os bisontes da memória, corridas loucas nos corredores do sonho,
A ressaca...
Meu filho, porquê?
A ressaca espancada pelo corpo em delírio, os arrepios, a diarreia, não
Não?
Não pai, não aguento mais esta vida de marinheiro, sem barco, sem cais para aportar, ah... as cordas
Cordas?
Claro, como pensas aprisionar o barco dos teus sonhos...
Em liberdade, em liberdade... meu pai...


(ficção)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 23 de Março de 2015

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