entristece-me este poema não escrito
desenhado nas masmorras do teu
sofrimento
entristece-me a tua boca construindo
suspiros e lágrimas em palavras de pergaminho...
entristece-me a tua voz solicitando um
abraço
nos distantes corredores do silêncio
entristece-me a tua solidão abismal
dos sótãos embriagados em marinheiros vampiros
entristece-me quando te olho vagueando
os rios sobre as pontes de madeira
merecias um sossego comediante
um sorriso
um beijo antes de partir... se vais
partir sem te despedires dos azulejos cerâmicos do teu olhar
se vais abandonar as tuas pálpebras de
cetim como cortinados da janela dos sonhos...
entristece-me este poema teu não
escrito
(serás feliz sem mim?)
entristece-me ver-te entranhado nas
gotículas de sémen que os pássaros deixaram nos jardins
abandonados
entranhando-se os comboios sonâmbulos
das avenidas repatriadas nos montículos de areia doirada
entristece-me os teus olhos malignos
em margaridas ruas repletas de crianças
em pinceladas telas do amor apaixonado...
serás feliz sem mim?
entristece-me as cornijas do sono sobre
o teu corpo dilacerado
dorido
sofrido
e magoado...
entristece-me quando gritas o meu nome
e não percebo se será a última vez
que o fazes...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 23 de Novembro de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário