sábado, 23 de novembro de 2013

(serás feliz sem mim?)


entristece-me este poema não escrito
desenhado nas masmorras do teu sofrimento
entristece-me a tua boca construindo suspiros e lágrimas em palavras de pergaminho...
entristece-me a tua voz solicitando um abraço
nos distantes corredores do silêncio
entristece-me a tua solidão abismal dos sótãos embriagados em marinheiros vampiros
entristece-me quando te olho vagueando os rios sobre as pontes de madeira
merecias um sossego comediante
um sorriso
um beijo antes de partir... se vais partir sem te despedires dos azulejos cerâmicos do teu olhar
se vais abandonar as tuas pálpebras de cetim como cortinados da janela dos sonhos...
entristece-me este poema teu não escrito

(serás feliz sem mim?)

entristece-me ver-te entranhado nas gotículas de sémen que os pássaros deixaram nos jardins abandonados
entranhando-se os comboios sonâmbulos das avenidas repatriadas nos montículos de areia doirada
entristece-me os teus olhos malignos
em margaridas ruas repletas de crianças em pinceladas telas do amor apaixonado...
serás feliz sem mim?
entristece-me as cornijas do sono sobre o teu corpo dilacerado
dorido
sofrido
e magoado...
entristece-me quando gritas o meu nome
e não percebo se será a última vez que o fazes...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 23 de Novembro de 2013

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