foto: A&M ART and Photos
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O preto ambíguo semeado em lábios de
chumbo
como a poesia melancólica das paredes
de uma livraria
sentia-te dentro de mim em flores de
inverno
das tuas guelras se transformam as
palavras
e as tuas palavras
simples gargantas ao abismo térreo,
Sentir-te no meu peito que procura nas
sombras o desejo
lágrimas e pequenas voláteis sílabas
mergulhadas nos teus seios cereja adormecida
o preto transformar-se-á em dia
e do branco tua pele sedosa e meiga
acordará a noite
em prazeres de insónia,
Sentir-te como pedaços de papel
ainda virgens os livros por escrever
e folheias páginas brancas
céus crispados na língua suspensa no
meu pescoço imensurável
ausente como as canções que a
Primavera deixa cair sobre as árvores...
e afugenta os pássaros da paixão.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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