sábado, 25 de maio de 2013

O preto transformar-se-á em dia

foto: A&M ART and Photos

O preto ambíguo semeado em lábios de chumbo
como a poesia melancólica das paredes de uma livraria
sentia-te dentro de mim em flores de inverno
das tuas guelras se transformam as palavras
e as tuas palavras
simples gargantas ao abismo térreo,

Sentir-te no meu peito que procura nas sombras o desejo
lágrimas e pequenas voláteis sílabas mergulhadas nos teus seios cereja adormecida
o preto transformar-se-á em dia
e do branco tua pele sedosa e meiga
acordará a noite
em prazeres de insónia,

Sentir-te como pedaços de papel
ainda virgens os livros por escrever
e folheias páginas brancas
céus crispados na língua suspensa no meu pescoço imensurável
ausente como as canções que a Primavera deixa cair sobre as árvores...
e afugenta os pássaros da paixão.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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