foto: A&M ART and Photos
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Um corpo arde da penumbra noite de
literatura
e da lareira dos livros vêm as marés
com espuma de sémen
que as nuvens de amianto transportam
sobre os cofres nocturnos da insónia
há intensas fogueiras de incenso sobre
o teu ventre adormecido
pelo cansaço vómito do prazer,
Acordas-te puxando as encostas
montanhas de rochas em intranquilos momentos
e poeirentas mangueiras de planícies
pintadas de amarelo com bolinhas azuis
pensavam que eram o céu
e apenas as vírgulas no final de um
texto escrito por ti
quando ainda conseguias alimentar as
labaredas do amor,
Ardias por dentro
e fingias habitar como cubos de gelo
num copo de uísque sobre uma mesa
redonda com pernas de aço
e dizias-te filha eterna do sono
e ardias nos meus braços de mogno
importado do além...
Um corpo o teu corpo em mim semeado
ardemos os dois corpos dentro de um
amontoado chiqueiro de cobras com lâmpadas de iodo...
havíamos de descobrir o medo
havíamos de descobrir o amor proibido
e peneirento
do peneireiro de asas abertas com
destinos infantis e sons de orangotango em cio,
O rio e a cidade dos corpos que ardem
em ti
de mim sabendo que amanhã deixarei de
ter palavras para escrever
e muitos deles
felizes por saberem que amanhã... eu e
tu... somos cinzas esquecidas na lareira da poesia...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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