terça-feira, 2 de abril de 2013

Palavras Azuis

foto: A&M ART and Photos

Roubaram-me as palavras azuis da tempestade
e o papel de parede da sala de visitas
coitado
parece-me infeliz, triste, até quem sabe, cansado,
degolado pelos riscos transversais das armadilhas em flor,

Preciso de escrever
e deixei de ter uma cama decente, com lençóis e cobertores,
uma cama onde possa repousar uma almofada de carinho, ou...
amor,,,
preciso das persianas encerradas para refazer os tectos com desenhos parvos,

Indefinidos,
desenhos de “merda”
nas palavras à “merda”
e mesmo assim,
fogem de mim os pássaros das solidões de azeite,

Há sempre rios que dão guarida às palavras roubadas,
como o oiro, há sempre um parvalhão a vender por necessidade,
e há sempre,
quase sempre um vigarista a enriquecer
à custa da miserabilidade do parvalhão por necessidade...

Roubaram-me as palavras de escrever,
palavras azuis da tempestade marinha... sobre um veleiro de pedra,
palavras misturadas no sal de cozinha
que dão aos lábios da manhã
um feliz texto de melancolia...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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