foto: A&M ART and Photos
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Roubaram-me as palavras azuis da
tempestade
e o papel de parede da sala de visitas
coitado
parece-me infeliz, triste, até quem
sabe, cansado,
degolado pelos riscos transversais das
armadilhas em flor,
Preciso de escrever
e deixei de ter uma cama decente, com
lençóis e cobertores,
uma cama onde possa repousar uma
almofada de carinho, ou...
amor,,,
preciso das persianas encerradas para
refazer os tectos com desenhos parvos,
Indefinidos,
desenhos de “merda”
nas palavras à “merda”
e mesmo assim,
fogem de mim os pássaros das solidões
de azeite,
Há sempre rios que dão guarida às
palavras roubadas,
como o oiro, há sempre um parvalhão a
vender por necessidade,
e há sempre,
quase sempre um vigarista a enriquecer
à custa da miserabilidade do parvalhão
por necessidade...
Roubaram-me as palavras de escrever,
palavras azuis da tempestade marinha...
sobre um veleiro de pedra,
palavras misturadas no sal de cozinha
que dão aos lábios da manhã
um feliz texto de melancolia...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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