foto: A&M ART and Photos
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Há fogo nos teus olhos minguados pelo
silêncio da chuva
quando o meio-dia de um suicidado
relógio
cai sobre as pequenas lágrimas de
granito
como se os amargos poemas da morte
tivessem vida e começassem a
transpirar sílabas furtivas,
Há fogo nos teus olhos
como janelas cristais dentro de
hipercubos
como lábios de areia
da lareira dos sonhos
as tristes paisagens dos teus seios de
amêndoa,
Há tanta coisa dentro de ti
meu cansado amor sem teres a destemida
coragem de me olhar
escrever ou pintar no muro recheado de
ervas e sanzalas imaginárias
os poucos sonhos que as minhas mãos
deixaram no teu rosto argamassado
pelas geadas marés do vidro em
planícies embalsamadas pelo desejo da paixão,
Há fogo nos teus olhos minguados
pelo... da chuva
que te esqueces das poucas palavras que
ainda vivem dentro de mim
como uma roseira bravia e ensanguentada
pelas nuvens em demanda...
há meu amor
madrugadas fingidas em noites acordadas
tuas fantasias,
E que não sabias
que há árvores à nossa espera num
jardim invisível
onde passa um rio em corridas
apressadas
adormece no mar
do fogo teus olhos minguados pelo
silêncio da chuva.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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