Dizias que o silêncio era uma árvore onde viviam
laranjas, e que a solidão, quando aparecia, nunca vinha só, e
sempre acompanhada, subia as escadas sumarentas de artrose e
reumático, às vezes ouviam-se-lhe os suspiros dos dejectos
indesejados que os insectos deixam ficar sobre a clarabóia de onde
se via o céu, via-se claro que sim
Porque hoje acabo de saber que este, por ordem
superior, foi privatizado e levado para outras paragens, ouvem-se os
lamentos dos angustiados
Filhos da Puta,
Mas de nada servem os insultos, porque o céu, esse,
tal como a água, essa,
Dizem que “Já Era”, como os cadáveres
sonolentos dos impostores vaidosos que se fazem passear pelas
avenidas da cidade, uns coitados de uma classe de “Mete Nojo” que
só sobrevive à custa das escadas do Papá ou da mamã, ou do
vovô... ou da “puta que os pariu”, mas sobrevivem, tudo têm e
dizem que são felizes,
Tirando os barcos de quilha adocicada e com
profundas modificações nas mãos com unhas de gel, nada de
importante aconteceu hoje, o País continua na sua agonia morte lenta
como os doentes que a tombola da sorte sorteou, e vivem
desgraçadamente até deixarem de respirar, os Países Ditatoriais
precisam de um povo inculto e de um exercito forte, o povo cala, e o
exercito impõem a força, e para tal, o corrupto do chefe de estado
precisa de generais fortes, corruptos, ricos
Ricos Monetariamente,
Filhos da Puta,
“Já era”,
Mas de nada servem os insultos, porque o céu, esse,
tal como a água, essa, “já Foram”, e qualquer dia até Deus,
até esse vão conseguir privatizar, e vimos Senhores Ministros do
Reino em apertos de mãos a “Filhos da Puta” de ditadores, e o
povo, lá, a morrer de fome, e o povo, lá, desprotegido dos mais
essências bens dispensáveis a qualquer ser humano; saúde, justiça,
educação...
Mas
Tirando os barcos de quilha adocicada e com
profundas modificações nas mãos com unhas de gel, nada de
importante aconteceu hoje, a Teresa ofereceu-me um livro “Diários
– AL Berto”, talvez porque hoje é quinta-feira, talvez porque o
fim-de-semana está a caminho, talvez
Dia dos namorados,
Não conheço, peço desculpa, e na melhor das
hipóteses é entrar na barbearia ali junto ao quiosque das amêndoas
em flor e perguntar a barbeiro, esses, esses quase que sabem de tudo,
agora eu, não, não sei nada sobre o dia dos namorados; isso é o
quê?
Mas Ricos Monetariamente, as Ditaduras de “Merda”
que em troca do dinheiro tudo lhes é permitido; até roubar os
sonhos das crianças...
(não revisto; a única coisa
verdadeira neste texto é o livro de AL Berto “Diários”, tudo o
resto é pura coincidência com a realidade)
@Francisco Luís Fontinha
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