As safiras em moedas de olhares
como os crisântemos em rubi que vivem
nas árvores da saudade
inventaste-me como inventaste o vento
numa tarde de cacimbo
com nuvens de porcelana
e azeitonas em conserva,
Eras conhecida como a raiz de pólen
de abelha em abelha
às flores dispersas pelos pedaços de
pólvora seca
que incendiavam as lanternas invisíveis
dos pinheiros abandonados pelas aranhas
de vidro,
Percebiam-se-lhes as dissolvidas manhãs
de inferno
dentro de um cubo de chapa
zinco
como as pedras polidas pelas mãos da
neblina
e desciam o rio as escadas de acesso à
lua,
Comiam-se os homens e as mulheres
porque a fome de amar era tanta tanta
que o vento se transformava
em jangada
ou madrugada
húmida como os corpos de papel que
voavam em volta do silêncio,
E tirando as safiras em moedas de
olhares
nada
ninguém
como a vida de um esqueleto apaixonado
pelos ossos da vizinha amiga que vive
no sótão das histórias sem palavras...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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