domingo, 10 de fevereiro de 2013

O sótão das histórias sem palavras


As safiras em moedas de olhares
como os crisântemos em rubi que vivem nas árvores da saudade
inventaste-me como inventaste o vento numa tarde de cacimbo
com nuvens de porcelana
e azeitonas em conserva,

Eras conhecida como a raiz de pólen
de abelha em abelha
às flores dispersas pelos pedaços de pólvora seca
que incendiavam as lanternas invisíveis
dos pinheiros abandonados pelas aranhas de vidro,

Percebiam-se-lhes as dissolvidas manhãs de inferno
dentro de um cubo de chapa
zinco
como as pedras polidas pelas mãos da neblina
e desciam o rio as escadas de acesso à lua,

Comiam-se os homens e as mulheres
porque a fome de amar era tanta tanta que o vento se transformava
em jangada
ou madrugada
húmida como os corpos de papel que voavam em volta do silêncio,

E tirando as safiras em moedas de olhares
nada
ninguém
como a vida de um esqueleto apaixonado
pelos ossos da vizinha amiga que vive no sótão das histórias sem palavras...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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