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Sobejaram os cornos pigmentados de sílabas
monótonas e sons melódicos das tardes invernais e travestidas de
lilases vestidos de cetim, ou então
Que lindos
Ou pior
Vou-me casar, não me chateies,
Ora este,
Casar-se, Com quem?
Se nunca vi esta ave de rapina com alguém, nem
sequer com um ramo de flores ao peito, nem sequer apaixonar-se ele
conseguiu e a mastronça (ele vestido de ela) agora diz que se vai
casar (há cada uma que até parecem duas),
De
Pimenta,
Ou pior do que isso
Desenhar-te em fragrâncias a inocência dos pingos
de chuva cinzenta, alta, esguia, égua de longa duração, saltitando
sobre as espuma do mar oceano, as gaivotas suspensas nos guindastes
de vento enquanto do sacerdote vagarosamente lia as palavras mágicas,
ele
Adormeceu em “Aceita” e quando acordou o
respeitado sacerdote pronunciava a frase imaginária “Até que a
morte os separe”, estremeceu, cambaleou-se como se o vento das
tempestades de areia assistisse também ele às cerimónias, lá
fora os barcos de recreio brincavam junto ao petroleiro de lábios
lânguidos de bâton encarnado em busca de um cigarro de incenso, e
quando percebeu que desenhá-la numa branca parede que a inocência
transformou em pingos de chuva ao cair da noite, uma rua deixou
perder-se dentro da própria cidade de areia, havia livros
encadernados em couro que transportavam o peso da agonia, sentia-os,
e percebia-os, escondidos nas almas e nos corpos da impossibilidade
sombra que as velhas mãos esqueceram nos desejos destinos das
línguas de fogo que uma lareira encaixou na baía dos sonhos
pincelados a verniz e a perfume de hortelã-pimenta, e respondeu
Não, não aceito,
Em pedaços, cada barco zarpou como zarpam as nuvens
depois da chegada do vento, numa das ruas desertas da cidade
fantasma, chorava um velho cacilheiro dos anos sessenta, na varanda
do quinto andar esquerdo, um velhíssimo esqueleto de prata fumava
cigarros de ervas aromáticas, diziam-lhe as vizinhas que era bom
para a asma, eu
Deixava aos poucos de acreditar,
Não, não aceito,
Acreditar nos desenhos em fragrâncias que a
inocência dos pingos de chuva cinzenta, alta, esguia, égua de longa
duração, saltitava sobre a espuma do mar oceano, as gaivotas
suspensas nos guindastes de vento enquanto o sacerdote vagarosamente
lia as palavras mágicas,
Desisto, vou-me definitivamente embora das ruas
desertas da cidade ruim que entrou em mim e desde então, nunca mais
fui dono do meu esqueleto de oiro.
(texto de ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó
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