sábado, 15 de dezembro de 2012

vento lácteo em perfis de cimento


ensonados nas asas brancas da morte
os pássaros tristemente apaixonados
em busca da sorte nas frestas invisíveis do granito esmigalhado
ensonados
todos os silêncios que habitam nos quartos escuros sem janelas para o mar
quando barcos malvados
de corda ao pescoço
ensonados
enforcados
no profundo poço,

sem nome
com fome
o menino da batina encarnada e calções às mesquinhas
rabugento
o infeliz momento
do tristemente apaixonado
vento lácteo em perfis de cimento
tracejando sombras nos lábios dos travestidos barcos de esferovite
espera impaciente a viagem
que a ponte de aço o leva até à morte,

a boca alaranjada do pirilampo ensanguentado
em palavras de miséria
murmuradas
das mãos tuas jangadas esperadas
matas-te como se o vento fosse uma simples frase de amor
um jardim em flor
sem nome
com fome
o homem
nas cordas ensonados das asas brancas da morte.

(poema não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

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