O quarto de mármore fugitivo que a
noite deixa cair
sobre o lençol de linho
os sonhos
entre ossos de pedacinhos de ninho
que o coitadinho
passarinho
aliviou quando acordou a madrugada
e desceu sobre ela a morte,
a sala sem lareira
na fúria agonizante que as luzes de
néon
desenham nas entranhas paredes da
película fina tua pele
e não sei
e não sei se as minhas palavras
amargas
são
então hoje dormiste sobre a geada fina
da montanha
são as cansadas mágoas sofridas pelas
húmidas tuas mãos de tecido,
tu
tu desesperadamente
com o medo da escuridão que os olhos
me obrigam a caminhar
sobre ti
a areia amarela da calçada
à janela
tu desesperada mente a paixão
Clementina
ciumenta os alicerces do clitóris
poemas inventados,
nos poemas murmurados
que ao púbis paixão em versos
clandestinos
tu
escreves-me quarta-feira
e a sorte desespera-se em mim
assim
o jardim inválido quando as asas
poeirentas das abelhas
na rede cintilante dos pequenos
orgasmos das flores em flor,
tudo no chão
o soalho
às cadeiras suspensas nas estantes da
cave tua boca
as palavras
há palavras na garganta do pavimento
térreo
livros alguns poucos poucas nenhumas em
sílabas teus seios de marfim
tudo no chão
as palavras em trinta e um de Dezembro.
(poema não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó
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