segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Os cigarros de prata

Uma cortina de silêncio
aprisiona-me às mandíbulas das mãos do inferno
disfarçadas
vestidas de rosas de amor
e neblinas matinais com chapéus de solidão

tenho vergonha das clareiras cristalinas que abraçam os rochedos do mar
e se amanhã fosse sábado...
um petroleiro de saudade abraçava-se ao meu esqueleto liberto de fumos e memórias da infância

de uma velhíssima fotografia eu via os vapores de iodo que comem a madrugada
via as árvores da noite enfeitadas com palavras parvas
e as saliências do meu infestado rosto
como as ervas daninhas das terras do avô Domingos
invisível (o avô Domingos)
inventando cigarros de prata

a poesia recorda-me os pedacinhos de amor em simples migalhas de desejo
e eu
e eu começo a odiar a poesia
e o perfume das rosas
e o desejo
e a saudade
e todas as manhãs
depois de todas as noites.

(poema não revisto)

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