Quando sorri o sol
acorda uma nuvem
e o desejo da noite
sobressai nas entranhas da lua
a singela madrugada em flor
galgando ruas e calçadas
comendo poetas em dor
(escrevendo no chão molhado poemas de
“merda”)
a singela madrugada em flor
à porta dela
vomitando palavras de amor
nas encruzilhadas
molhadas
que as mandíbulas do oceano
crescem nas árvores cansadas
que amanhã
o outono
tombará
como os sinos de luz
suspensos na água dos teus cabelos
quando sorri o sol
e nos teus olhos de mar
uma nuvem de esperança
sobressai nos teus lábios
como se nos dias de lua cheia
todos os barcos rompessem a neblina das
tardes sem destino
a casa cai
tomba como as folhas das árvores
e cobre os poemas escritos no chão
molhado das oliveiras em flor
e tudo
quando sorri o sol
e na tua mão poisa um coração de
diamante...
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