Reinvento a morte das palavras
nas lápides tardes sem o cheiro do amor
no auto dos afogados
as sílabas tontas
no estonteante assobio dos cigarros embriagados
(invisíveis
moribundo)
todas as ruas e todos os prédios em ruínas
“amo esta cidade
e amo loucamente este rio”
dentro da janela
onde vejo as flores partirem para o infinito
reinvento a morte das palavras
e o cálice de veneno
que deambula entre as vogais de “Proust”
e a Luanda ficção de “Lobo Antunes”
nas minhas mãos de gelo
(o miúdo à caça de gelados
na esplanada do Baleizão)
o circo
o circo sobre a mesa da esplanada
dentro da sombra da noite
com o tecto pintado de amendoins
e cucas loiras
Gogol triunfante entra com as suas queridas almas mortas
na gaguez das palavras
(invisíveis
moribundo)
passeiam-se nos olhos de Gogol
as velhíssimas gotas de vodka
e as simples folhas de orvalho
(reinvento a morte
dentro dos rios
onde vivem oceanos pintados de amanhecer)
“QUE SE FODA O AMOR
E
A LITURGIA DAS TUAS MÃOS”
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