Dos beijos ensonados
Às sílabas envergonhadas,
Dos pássaros cansados
Às tristes madrugadas,
Dos montes mimados
Às tardes revoltadas…
Da triste saudade
À misera esperança sem
nome;
Do vinho martelado
Às poucas cartas que
enviei,
À verdade,
À fome,
Ao poema que assassinei…
Do meu corpo enforcado
Às lágrimas que chorei,
Do vento,
Da solidão
E de todo o sofrimento…
E de todo o pão.
À chuva miudinha de
Luanda,
Aos cheiros do amanhecer,
À fogueira…
Às espingardas sem
coração.
Ao samba,
Ao prazer,
Ao uísque a bebedeira
Quando a noite parece
esquecer,
Quando a noite parece
morrer…
E o poeta dos beijos
ensonados
Acredita em versos de
dizer.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 03/05/2022