Francisco
Luís Fontinha, Poeta, Nasceu em Luanda, perdido na infância, ainda hoje não foi
encontrado.
A
pedra
Que
me sento.
Folheio
a tua boca no silêncio do capim,
As
ruas dentadas no sonâmbulo entardecer, desce o beijo, poisa na minha mão e
dorme lentamente na fogueira da noite,
Me
canso.
Que
me sento.
Na
pedra emagrecida dos teus lábios, dizem-me em gritos de fumo que não amas…
Nunca
saberás o que é o amor.
Amanhã.
As
palavras rasuradas dos meus textos incompreendidos, falsas estrelas povoam a
madrugada, olhas-me, e foges para as montanhas.
Sou
tão feliz, meu amor, por saber que nunca me amarás,
O
amor é como o mar, olha-se, toca-se, e desparece na Calçada da Cidade.
Que
me sento.
Que
beijo loucamente esta pedra, que me sento, e canso…
As
bocas da noite.
Os
holofotes da miséria correndo até ao rio, ao longe um petroleiro de poemas
encalhado no teu cabelo, sinto os teus olhos e perco-me na tua sombra,
Que
me sento,
Nesta
pedra,
E
me canso.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
23/02/2019